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UMA PROPOSTA PARA MEDIAÇÃO DE FOTOGRAFIAS DE GUERRA

A proposta de mediação para a exposição "Visíveis e Invisíveis: Guerras, Exílios, Vivências" envolveu, desde o início de sua concepção, um duplo desafio que conecta-se, grosso modo, a uma reflexão mais ampla acerca da fotografia de guerra no contexto contemporâneo e ao imaginário colonialista que ainda estrutura os variados meios de circulação e apresentação dessas imagens. Se, como argumenta Judith Butler, "a circulação de fotografias de guerra [...] rompe o tempo todo com o contexto", existe aí uma prerrogativa para que instituições culturais assumam uma postura crítica face às condições políticas e materiais que constituem as convenções de apresentação dessas imagens, promovendo contextos interpretativos que favoreçam tomadas de posição anti-racistas, anti-etnofóbicas e anti-coloniais.  Tomar posição assume, aqui, o sentido argumentado por Georges Didi-Huberman, isso é, um afrontamento e um posicionamento crítico no tempo.

 

A estrutura da própria exposição, ocupando o campus da UNICAMP de Barão Geraldo e depois a Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP e, por isso mesmo, envolvendo um público amplo com diferentes níveis de conhecimento acerca dos conflitos registrados pelas lentes de Boechat, é em si desafiadora. Neste sentido, a primeira iniciativa do educativo envolveu a pesquisa a produção de textos críticos pelos alunos envolvidos na produção da exposição. Esses textos não pretendem esgotar a discussão, mas abrem uma série de caminhos para pensar criticamente o recorte histórico e político que as imagens propõem sobre os conflitos e territórios fotografados. Foi também mediante os questionamentos levantados por estes alunos que pudemos compreender que o posicionamento crítico diante da violência apresentada pelas fotografias não seria suficiente. A tomada de partido envolve, necessariamente, um compromisso institucional com aqueles que vivem em situação de refúgio, cuja experiência atravessa a história desses conflitos, mas reverbera muito além e envolve, entrelaçadas a narrativas e memórias pessoais, as histórias de povos, culturas e territórios para além da violência infligida. Deste modo, foi feito um convite para que o coletivo Ponto Zero do Refúgio elaborasse uma proposta de mediação para a exposição, incluindo uma programação de atividades que contará com a participação de professores, ativistas, comunicadores e outros indivíduos que se encontram, ou já se encontraram, vivendo em situação de refúgio no Brasil. 

ENQUADRAMENTOS E TERRITÓRIOS

A seleção de fotografias que compõe a exposição "Visíveis e Invisíveis: Guerras, Exílios e Vivências" representa um recorte dentro da extensa produção fotográfica de Yan Boechat. Ao mesmo tempo, as imagens produzidas pelo fotógrafo instauram, em si, um recorte sobre as histórias e geografias dos territórios onde foram produzidas. Os textos disponíveis abaixo propõem caminhos para começarmos a refletir criticamente sobre esses recortes e sobre as histórias que eles transmitem:

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Anas Mhd Adnan Obaid

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Pedro Custodio

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Amira Al Dergham

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João Felipe Rufatto Ferreira

Luísa Vincoletto

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